Se a gente tivesse que resumir
o primeiro ano do governo Bolsonaro em uma única
palavra, seria intenso. Em apenas 12 meses, ele aprovou
reformas, firmou parcerias importantes, deu declarações
controversas e manteve os ânimos exaltados o ano todo.
É tanta coisa que fica difícil lembrar de tudo o que aconteceu
em 2019. E para ajudar você a refrescar a memória,
elencamos os principais fatos deste ano tão diferente. [música vinheta] A começar pela própria
composição política do novo governo. Bolsonaro até tentou
enxugar o número de ministérios para 15, mas começou o seu
governo com 22 e prometeu nomear ministros por critérios
técnicos. Com isso, os políticos de carreira que ocupavam as
principais pastas deram lugar aos militares. Mas os principais
nomes da equipe ministerial eram civis. O ex-juiz da Lava Jato,
Sergio Moro aceitou o Ministério da Justiça e Paulo Guedes
chegou para ocupar o Ministério da Economia com a promessa
de fazer a tão comentada reforma da Previdência. Indo para o
Congresso, a relação do governo com a Câmara e o Senado começou
um pouco estremecida. Logo de cara, as duas Casas deixaram
claro que iam assumir um papel de protagonismo nas principais
votações e até houve momentos de desentendimento,
como na troca de farpas entre Moro e Rodrigo Maia.
[Rodrigo Maia] funcionário do presidente Bolsonaro, ele
que converse com o presidente se o presidente quiser,
conversar comigo. Eu fiz aquilo que eu acho correto
[Acaba fala Rodrigo Maia]. Mas, com o avançar dos meses,
Executivo e Legislativo começaram a falar a mesma língua e os
projetos passaram a avançar. Por outro lado, quem começou
a se desentender pra valer foi a própria base aliada. E o partido
de Bolsonaro foi o grande exemplo disso. Envolvido em escândalos
de candidatura laranja, o PSL se fragmentou em alas pró e contra
Bolsonaro, com direito a reunião secreta, infiltrados e áudios
vazados. [Delegado Waldir] Não tem conversa, não
tem conversa, eu implodo o presidente. [Inaudível]
Acabou, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo.
Eu votei nessa p***, eu andei no sol 246 cidades gritando
o nome desse v******** [acaba fala Delegado Waldir]. Do dia para a noite, aliados
viraram opositores a ponto de o presidente abandonar
a sigla e criar a sua própria, o Aliança pelo Brasil. [música] Paulo Guedes assumiu o Ministério
da Economia com a promessa de aprovar a reforma da
Previdência. E conseguiu, mas não sem passar por um
desgastante processo na Câmara. As novas regras de aposentadoria
foram apresentadas por Guedes em fevereiro e só entrarem em vigor
em novembro. Mas não sem mudanças. A expectativa era
que o governo economizasse R$ 1,2 trilhão em dez anos com
aposentadorias. No fim, essa economia deve ficar na casa
dos R$ 800 bilhões. Outra novidade significativa foi
a lei de liberdade econômica que desburocratizou a vida de
empreendedores de todo o país. A ideia era justamente reforçar os
princípios do livre mercado, diminuindo os entraves do
estado na hora de abrir uma empresa. E para tentar mudar
os números do desemprego, foi apresentado o Programa
Verde Amarelo, um pacote de estímulos ao emprego para
jovens entre 18 e 29 anos. A ideia é aliviar a tributação
sobre as empresas e em compensação taxar
os desempregados. No cenário internacional, a
grande conquista econômica foi o acordo de livre comercio
entre o Mercosul e a União Europeia. Ele abrange bens,
serviços, investimentos e compras entre os governos.
Só que a medida ainda precisa Ser ratificada para valer de vez. [música] A segurança foi uma das
principais bandeiras de Bolsonaro em seu primeiro ano
de governo. E ele começou seu mandato cumprindo a promessa
de campanha de facilitar o acesso as armas. Assinou primeiro
um decreto voltado para a posse de armas e, meses depois, tentou
flexibilizar o porte. No entanto, acabou voltando atrás depois da
repercussão causada. Agora, a proposta de porte tramita na
Câmara. No Ministério da Justiça, O ministro Sergio Moro apostou
todas as suas fichas no pacote Anticrime. Só que a essa
medida também gerou discussões por trazer propostas
consideradas delicadas, como o excludente de ilicitude para
policiais e mudanças no conceito de legítima defesa. Por isso, o
projeto apresentado em fevereiro só foi aprovado em dezembro
depois de muita discussão e uma leve desidratada. Moro também
criou o projeto-piloto em Frente Brasil, em que cidades
foram escolhidas para ter um investimento extra em Segurança
Pública. Em apenas três meses, o número de homicídios caiu 44%
nesses lugares. No restante do país, os números da violência
também caíram. Só nos primeiros quatro meses de 2019, o total de
assassinatos reduziu em 21%. [música] Fora do país, o primeiro ano
do governo Bolsonaro foi marcado pelos discursos em
eventos internacionais. No Fórum Econômico Mundial,
em Davos, Bolsonaro fez um discurso breve em que prometeu
negócios sem ideologia e reforçou a importância das
reformas para o Brasil. Na ONU, chamou a atenção ao levar
questões internas para o debate internacional. Criticou a imprensa,
os médicos cubanos, citou o Foro de São Paulo e partiu para
cima até mesmo do índio Cacique Raoni. Durante os incêndios na
Amazônia, entrou em choque com o presidente da França
Emanuel Macron. [Jair Bolsonaro] Valendo-se
dessas falácias, um ou outro país, em vez de ajudar embarcou
nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa
e com o espírito colonialista mencionaram aquilo que nos é
mais sagrado à nossa soberania [acaba a fala de Jair Bolsonaro]. E se as relações com a França
foram estremecidas, Bolsonaro se aproximou dos Estados Unidos
Foi a Washington e estreitou laços com Donald Trump,
embora não tenha conseguido evitar as taxas na hora de
vender aço para os americanos. [música] Mas não podemos esquecer de
todas as crises que passaram pelo governo Bolsonaro em 2019.
A começar pelo caso Queiroz, que assombrou o governo desde
os primeiros meses do ano. Embora o escândalo não esteja
ligado diretamente ao presidente, complica o seu
filho mais velho, Flávio Bolsonaro, suspeito de realizar
a prática de rachadinha quando era deputado estadual no Rio.
Outra crise que surgiu foi o confronto entre a ala militar e
os apoiadores do escritor Olavo de Carvalho. Olavo começou a
fazer críticas a vários militares que atuam em cargos
importantes do governo, incluindo o vice-presidente
Hamilton Mourão. O racha foi tão grande que alguns ministros
caíram, como o general Carlos Alberto Santos Cruz, da
Secretaria de Governo. Outro nome que tombou em meio às
polêmicas foi Gustavo Bebianno, homem de confiança de Bolsonaro
e que ficou apenas dois meses à frente da Secretaria-Geral.
Ele caiu após se desentender com Carlos Bolsonaro, filho do
presidente, e ter divulgado áudios e conversas.
[Patrícia Künzel] Mas o que podemos esperar de
2020? Pautas importantes vão entrar em discussão, como as
concessões de estatais e as reformas Administrativa e
Tributária. Além disso, debates como a prisão em segunda
instância e pontos excluídos do pacote Anticrime, por exemplo,
vão reaparecer e aquecer o jogo político. Isso sem falar das
eleições municipais. E todos esses pontos e aqueles que ainda
vão surgir no próximo ano você acompanha com a gente aqui na
Gazeta do Povo. Até 2020.